O novo coronavírus é um vírus zoonótico denominado SARSCoV2 (severe acute respiratory syndrome coronavirus 2), descoberto por cientistas chineses, que ocasiona, por meio de infecção viral, a doença denominada COVID19 (coronavirus disease 2019), relatada pela primeira vez em Wuhan/China no final de dezembro de 2019 e que se espalhou rapidamente para outros países. O sistema respiratório é um dos mais afetados pela doença, podendo também desenvolver manifestações sistêmicas, incluindo distúrbios neurológicos, cardiovasculares, gastrointestinais e musculoesqueléticos. A COVID19 foi classificada como pandemia e declarada, em 30 de janeiro de 2020, como emergência de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde(4). A manifestação clínica da COVID-19 é ampla, podendo variar desde ausência de sintomas à pneumonia e morte.
Quando há sintomas, pode ser caracterizada como síndrome gripal, com febre, tosse, dores musculares, fadiga, hemoptise, cefaleia, dispneia e, em casos graves, pode haver a síndrome respiratória aguda grave. Para detecção da COVID-19 é necessária a testagem por exames laboratoriais ou, quando esses não estão disponíveis, pode ser realizado diagnóstico clínico e epidemiológico, com os casos confirmados sendo obrigatoriamente notificados.
O primeiro caso de COVID-19 no Brasil e na América do Sul foi registrado em fevereiro de 2020, em São Paulo. O número de casos aumentou em decorrência da alta transmissibilidade.
Os programas de residência multiprofissional na APS possuem o objetivo de ampliar a atuação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e o trabalho multiprofissional, pois o trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS) exige novas configurações profissionais, que garantam a execução das diretrizes e princípios propostos para o funcionamento adequado do SUS, devido à integralidade das ações. Entre os profissionais inseridos na APS, observa-se constante aumento do número de fisioterapeutas nas equipes.
O fisioterapeuta, durante a graduação, adquire competências e habilidades que o possibilita agir em todos os níveis de atenção, no entanto, atualmente, tem havido uma maior preocupação com a formação de um profissional com perfil voltado para a APS. As diretrizes da ESF direcionam como competência dos profissionais de saúde, incluindo do fisioterapeuta, o desenvolvimento de ações e o desenvolvimento de serviços para tratamento e reabilitação e também atuação no controle dos riscos e danos em seu território, prevenindo agravos e promovendo a saúde com ações no âmbito individual, em grupos e em coletividade.
Dessa forma, os profissionais de saúde necessitam da construção de competências e habilidades para exercerem essas mudanças ocorridas no setor da saúde e no paradigma de saúde pública. Por isso, tornam-se necessárias ações que envolvam práticas de saúde integrais, oportunas, contínuas e de qualidade para população(5).
Assim Fisioterapia e enfrentamento da COVID-19 Rev Bras Promoç Saúde. 2021;34:11164 3 sendo, a atuação dos residentes necessita ser integrada ao tripé “ensino-serviço-comunidade”, por meio do diálogo existente entre preceptores universitários, a população e a gestão.
A pandemia da COVID-19 levou à reorganização dos processos de trabalho em todos os níveis de atenção à saúde. Na APS o trabalho baseia-se em frear a disseminação pelas características preventivas e promotoras à saúde relacionadas nesse âmbito da saúde, visto que 80% dos casos de COVID19, considerados leves, serão manejados pelos profissionais da APS por ser a porta de entrada do SUS.
Ressalta-se que os profissionais inseridos na APS devem desenvolver ações de combate e enfrentamento de doenças, segundo a Política Nacional de Promoção à Saúde, ou seja, realizar ações que contribuam para a prevenção da contaminação pelo vírus e de possíveis agravos, a inserção da comunidade no contexto atual para combater a pandemia, com a equipe de saúde, para toda a população presente nos municípios durante esse período. Outro fator importante é atuar conforme o Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus COVID-19, com ações que variam desde vigilância até a gestão. No cenário atual da pandemia, é necessário promover ações e respostas rápidas e eficientes, especialmente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), principal responsável pela triagem e monitoramento dos casos suspeitos. Dessa forma, a estreita relação entre as ações de enfrentamento à COVID-19 e a Atenção Primaria à Saúde (APS) são consideradas de alta relevância.
Diante desse contexto, a relevância deste estudo está em vivenciar a experiência como residentes de fisioterapia em saúde coletiva sobre as ações destinadas ao combate da infecção da COVID-19 na APS, almejando contribuir nas ações de medidas preventivas da doença, no direcionamento clínico dos profissionais atuantes, na integração com a equipe e a comunidade, e obter aprendizado de cada experiência descrita.
Portanto, o presente artigo tem como objetivo relatar a experiência de residentes de fisioterapia em saúde coletiva no enfrentamento multidisciplinar e desenvolvimento de ações frente à coronavirus disease 2019 (COVID-19).